quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Atravessando dias difíceis: A primeira internação da Duda...


Depois de buscarmos médicos e mais médicos e de diagnósticos absurdos e assustadores,que hoje entendemos se tratar de achômetros e chutômetros,nossa pequena teve que ser hospitalizada...o sangramento intestinal aumentava a cada dia,juntamente com as cólicas,com os choros incessantes ,com as noites em claro e com nossa angústia.
Nossa pequena sofria e não tínhamos idéia do que estava acontecendo...
Lembro-me de que pela manhã a levamos para colher sangue e realizar alguns outros exames e os resultados ficariam prontos no final da tarde e seriam enviados ao hematologista.
Confesso que passei o dia inquieta.
Via minha filha doente,sofrendo, sem diagnóstico definitivo e com a possibilidade de se tratar de uma doença grave...não encontro uma palavra que possa definir o que eu sentia.
No começo da noite,o médico me ligou dizendo que os exames haviam chegado e que minha pequena guerreira teria que se internada: a anemia estava alta e os exames indicavam que algo “não muito bom” estava acontecendo:
“Descartei a leucemia,mas as alterações nos exames me sugerem que sua bebê tem algo grave no intestino...talvez um tumor ou uma perfuração”,disse sem saber ao certo como me contar isso.
Ao ouvir isso, e percebendo a dificuldade dele em “como dizer isso a uma mãe angustiada”,por uns instantes fiquei parada olhando pro nada...
Tinha a sensação de que a alegria de ser mãe estava sendo interrompida e a vida tinha parado naquele instante.
As lágrimas escorriam de meus olhos e comecei a questionar o sentido da vida...
Por quais motivos fui "eleita" para vivenciar aquela situação?
Por que Deus permitiu que minha pequena superasse dias difíceis na Uti Neo para depois ter que passar por dias piores?
O que eu tinha feito de tão grave para passar por isso?
E ela,tadinha,tão pequena...?
Porém,me dei conta de que Deus não nos deve satisfações e se Ele estava determinando um “destino” pra Duda, Ele também nos daria forças para enfrentar tudo isso.
E eu não ia desistir de lutar por ela!
Meu marido só sabia me dizer: “Força,mamãe,força!”
Mas via em seus olhos o desespero e o pedido implícito: Não desmorone agora,pois não conseguirei sozinho.
Arrumei a malinha dela e fomos para o hospital.
Tínhamos que “passar” com a médica do PS que,com o encaminhamento em mãos,solicitaria a internação.
Aquele PS fervia de crianças e a chuva desabava sem dó.
Fomos atendidos por uma médica que nos deixou mais angustiados ainda com a sua quase “infalível genialidade”:
Nossa...eu acho que...nossa...meu Deus...o problema é se o intestino perfurou e as bactérias migraram pro sangue...nossa...conheço um cirurgião ótimo....lá no Rio...nossa...
E ficava nesse devaneio sem falar nada com nada e aquilo foi me angustiando mais e mais.
Não contente em nos deixar apavorados,quando abriu a porta para sairmos alguém reclamou da demora no atendimento e ela soltou sua última pérola:
“ Não reclame mãezinha!Seu filho tá doente masssss tá essssspertinho e essa bebê que tá sangrando e pode morrer de tanto sangrar...”
Aff,aquilo era o fim pra mim.
O silêncio se fez e os olhares de piedade se voltaram a nós.
Porém nem imaginávamos que a noite chuvosa seria longa para nós...
O convênio não autorizou a internação alegando carência para doença pré-existente e tivemos que sair no meio da chuva para um outro hospital,particular,claro,pois não éramos mais bem vindos naquele.
No outro hospital fomos atendidos mais rápido e a internação não demorou muito: É absurdo e lamentável,mas quando você é atendido no modo “particular” tudo muda.
E minha pequena continuava chorando e gritando e sangrando...
Os dias de internação foram difíceis para ela e para nós.
Eram exames invasivos, veias que se perdiam e tinham que ser pulsionadas novamente...e o temível centro cirúrgico.
Os exames apontavam um tumor no começo do intestino e que deveria ser removido para biópsia e tratamento,e assim foi feito.
A confirmação de que minha pequena tinha um tumor me fez,mais uma vez, a sentir o chão se abrir aos meus pés,mas mantinha minha fé em Deus,pois sabia que não podia ir contra a Sua vontade e também que Ele me daria força.
A cirurgia foi relativamente simples e o temível tumor,que descobrimos ser um pólipo, era benigno.
Nossa pequena grande guerreira superou mais uma dificuldade em sua vida!
Estava resolvido o "enigma" de onde vinha o sangramento...
Quanta ilusão e quanta decepção!!!

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